domingo, maio 20, 2007

O indulto



No ápice da angústia, mutilou-se. Pequenos detalhes se interpuseram entre a sensação de morte e o desamparo, mas nenhum gemido poderia tornar sonoro o pavor sentido diante do fim da própria coragem. Heróis devem morrer em silêncio. Não há clemência para a vida que se sustenta sobre paradigmas.
Em poucos segundos, o instante irreversível o faria tombar em glória. Ungido por faltas insistia-lhe o incomodo da resistente trama de fios comprimindo o desejo de
ir para além das ausências. À mercê da culpa, a estrutura atrofiada se mostraria inútil. Somente aos olhos restariam alguma expressão, aquela que desce à altura das linhas que conduzem um homem ao esquecimento e que consagra os seus últimos pensamentos.
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Nina Delfim

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