Sentaram-se à mesa.
Corpos à mostra exibindo os prazeres suspensos.
De maneira bem comportada trocaram um cumprimento. Tímidos.
Ansiedade circulante. Com requintes de crueldade o bom senso seria devorado em poucos minutos.
O corpo não convenceria o gesto.
- Medo?
- Não. Uma curiosidade nervosa. O momento esperado estava tão atrasado.
- Fome?
- Sim. Estavam famintos. Há muito se desejavam. Devorar-se-iam ali mesmo se o ambiente não fosse tão iluminado.
- Palavras?
- Apenas as necessárias, as que haviam decorado para dizer um ao outro. Aquelas outras ocasionadas pelo cheiro e pelo tato não saiam de suas bocas. Mantinham-nas presas entre os dentes.
- Atração fulminante?
- Alta combustão. O recinto perdeu o frescor. Um calor dos infernos tomou conta de tudo. Primeiro encontro é quase sempre assim...
- Assim, como?
- Ah, olhos nos olhos de ninguém. Um rubor de cem graus bem evidente. O cheiro dela. O cheiro dele. Pernas cruzadas prendendo desejos e depois, a expectativa que é sempre latente logo ao primeiro contato.
- Os dois não perceberam a sua presença?
- Num dado momento pensei que sim. mas não manifestaram reação alguma. Viam-se somente. Mãos inquietas. Gestos constrangidos. Quase me levantei para ir até eles quando os percebi ofegantes.
- Uma interferência tão contundente colocaria um ponto final no seu plano.
- Claro! Segurei-me à cadeira com firmeza para conter a abrupta ânsia. Complicado mesmo foi quando me dei conta de que aquela situação estava me deixando excitado. Minha inércia diante da cena acabou me tornando conivente ao caso.
- O que lhes teria dito?
- Bem, não sei exatamente. Talvez lhes contasse tudo e chorasse um pouco conforme a reação de ambos.
Merda! Agora esta maldita sensação de culpa...
- Calma! Foi só um encontro. Respire fundo e me conte em detalhes.
- A certa altura notei que a vontade de se submeter já empinava os seios dela. Desejei estar entre os dois... Juntos os três. Entende?
- Sim, mas continue... E o cara?
- Olha, quando ele cruzou as pernas sob a mesa pressionando o sexo entumescido, mentalmente ele já a tinha despido e previsto sucessivas ejaculações entre as coxas dela. Ela estava quente. A face corada a denunciava.
- Ela percebeu a excitação dele?
- Claro que sim! O desgraçado quase gemia...
- Que imaginação fértil!
- A minha também. Quando ela começou a remexer os quadris sobre a cadeira, saquei logo que o suor que molhava o rosto dele era sinal de sacanagem sob a toalha da mesa.
- Deu pra ver alguma coisa?
- Nada além de movimentos sincronizados, mas tenho certeza que ela se viu introduzida até a exaustão porque um cheiro de sexo impregnou o ar logo que os dois passaram por mim em direção ao banheiro.
- E o jantar?
- Não comeram nada!
- Por quê?
- O celular dele tocou.
- Quem era?
- Ele não disse a ela. Levantou-se e saiu.
- Sozinho?
- Sim.
- E ela?
- Saiu em seguida..
.
.
.
Nina Delfim
- Não. Uma curiosidade nervosa. O momento esperado estava tão atrasado.
- Fome?
- Sim. Estavam famintos. Há muito se desejavam. Devorar-se-iam ali mesmo se o ambiente não fosse tão iluminado.
- Palavras?
- Apenas as necessárias, as que haviam decorado para dizer um ao outro. Aquelas outras ocasionadas pelo cheiro e pelo tato não saiam de suas bocas. Mantinham-nas presas entre os dentes.
- Atração fulminante?
- Alta combustão. O recinto perdeu o frescor. Um calor dos infernos tomou conta de tudo. Primeiro encontro é quase sempre assim...
- Assim, como?
- Ah, olhos nos olhos de ninguém. Um rubor de cem graus bem evidente. O cheiro dela. O cheiro dele. Pernas cruzadas prendendo desejos e depois, a expectativa que é sempre latente logo ao primeiro contato.
- Os dois não perceberam a sua presença?
- Num dado momento pensei que sim. mas não manifestaram reação alguma. Viam-se somente. Mãos inquietas. Gestos constrangidos. Quase me levantei para ir até eles quando os percebi ofegantes.
- Uma interferência tão contundente colocaria um ponto final no seu plano.
- Claro! Segurei-me à cadeira com firmeza para conter a abrupta ânsia. Complicado mesmo foi quando me dei conta de que aquela situação estava me deixando excitado. Minha inércia diante da cena acabou me tornando conivente ao caso.
- O que lhes teria dito?
- Bem, não sei exatamente. Talvez lhes contasse tudo e chorasse um pouco conforme a reação de ambos.
Merda! Agora esta maldita sensação de culpa...
- Calma! Foi só um encontro. Respire fundo e me conte em detalhes.
- A certa altura notei que a vontade de se submeter já empinava os seios dela. Desejei estar entre os dois... Juntos os três. Entende?
- Sim, mas continue... E o cara?
- Olha, quando ele cruzou as pernas sob a mesa pressionando o sexo entumescido, mentalmente ele já a tinha despido e previsto sucessivas ejaculações entre as coxas dela. Ela estava quente. A face corada a denunciava.
- Ela percebeu a excitação dele?
- Claro que sim! O desgraçado quase gemia...
- Que imaginação fértil!
- A minha também. Quando ela começou a remexer os quadris sobre a cadeira, saquei logo que o suor que molhava o rosto dele era sinal de sacanagem sob a toalha da mesa.
- Deu pra ver alguma coisa?
- Nada além de movimentos sincronizados, mas tenho certeza que ela se viu introduzida até a exaustão porque um cheiro de sexo impregnou o ar logo que os dois passaram por mim em direção ao banheiro.
- E o jantar?
- Não comeram nada!
- Por quê?
- O celular dele tocou.
- Quem era?
- Ele não disse a ela. Levantou-se e saiu.
- Sozinho?
- Sim.
- E ela?
- Saiu em seguida..
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Nina Delfim