domingo, dezembro 24, 2006

Escultura

Depois que passastes por mim
restaram tantos espaços
que me perdi
Ando por todos os cantos
Procuro-me e não te acho
Toma-me tempo te exprimir em palavras
Modelo-te então no barro
A meu modo te faço
parado no tempo
sem qualquer movimento
permanente em mim
Nos tristes gestos meus
moldo alegrias sentidas
Já não mais posso seguir caminhando
pisando
sobre tudo o que deixastes aqui
Há tanto de ti por onde passo
que nem mesmo sei se ando por mim
ou se estou a passar pela vida seguindo teus passos
relendo velhas desculpas
ressucitando antigos bilhetes
No barro esculpido realço teus traços
Eternizo-me no que não és mais
Transformo-te em um adorno perfeito
Reescrevo-te em mim
.
.
.
Nina Delfim

3 comentários:

Anônimo disse...

Maravilhoso, tudo o que sai do coração se transforma em vida e em luz...mesmo que sejam pequenos detalhes deixados tatuados em nossa alma. Beijos...saudades...continuo te amando...

Anônimo disse...

Continuo te amando...

Anônimo disse...

Bela escultura... adorei sua poesia! Acho que foi Michelângelo que disse que ao fazer suas esculturas bastava retirar as aparas, pois a imagem já estava lá... é o nosso desejo que comanda tudo... nossas fantasias... Grande beijo!
22/05/2006 09h19