Obra-prima
A quase noite cobria-lhe a feição melancólica. Às mãos, o universo inteiro e um drapejado de velhas dores vindas de lugar nenhum. Desferiu golpes transversais contra a pretensa armadilha dos estereótipos e do branco opaco surgiram brotos de flores em puras cores. Um esboço claro e bem delineado feito de vida floresceu em contornos volumosos e iluminação límpida para adornar o desfecho da sua alma. Ajoelhou-se e às últimas estrelas exibiu seus olhos tristes.
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Nina Delfim
6 comentários:
nossa! ainda estou submerso por essa prosa poética cheia de sinais e metáfora, vi até a morte ali, não sei... muito bom
09/06/2006 12h26
Complexo, lindo, super original !
09/06/2006 13h32
Nina, Nina, texto simplesmente maravilhoso, mergulhei, voltei à tona e não resisti, seu mais profundo atraiu-me de volta para dentro das suas águas. Texto fantástico. Beijos.
14/06/2006 11h10
sim! múltiplos significados; é isso que torna valoroso um texto curto literário. condensar uma enorme quantidade de idéias em linhas curtas é um estilo que muito me agrada. não sou muito adepto do microconto (já vi muita besteira por aí), mas são textos como o seu que me fazem acreditar na possibilidade inovadora desse gênero literário. essa passagem: "desferiu golpes transversais contra a pretensa armadilha dos esterótipos e do branco opaco surgiram brotos de flores em puras cores" é muito bem trabalhada: o fato dos golpes serem transversais fazem o leitor pensar que atingem algo concreto, mas os golpes são desferidos contra uma abstração. e que imagem linda: uma vez agredidos os estereótipos, surgiram do "branco opaco" uma infinidade de cores novas. é como se antes, estereotipadas, as coisas se juntassem e formassem uma só cor (lembrando que a mistura em luz de todas as cores é o branco); depois, observadas mais de perto, sem a lente da generalização, as coisas mostraram sua verdadeira face. isso foi o que me passou o trecho, e está de alto nível. sem falar no fim altamente sugestivo de morte, suicídio ou recomeço. "contornos volumosos"! esses sintagmas de duas ou três palavras dão literariedade ao texto... olha, você realmente fez uma obra prima. ah, em tempo: fui com a sua cara (literalmente, olhando a fotinha que voce colocou aqui no site... voce é bonita, hein!) e te adicionei no msn. sem objetivos escusos: sou um pivete de 18 aninhos... enfim, só para trocar idéias :p
14/06/2006 23h21
Foi uma grata surpresa encontrar você nos microcontos. Parabéns. Já tentei a modalidade, me esforcei, mas os considerei medíocres!Preciso acertar meu passo...rsss___Obra-prima mesmo! __Beijos
26/06/2006 14h03
Você escreve microcontos com maestria.HÁ algum tempo eu os escrevia com um pseudônimo e agora lendo o que escreve reacendeu um antigo desejo de praticá-los.Veja o que faz um bom escritor.Um abraço,Ana
22/07/2006 21h52
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