terça-feira, novembro 07, 2006

Appassionato melancólico


Num amplexo de posse nos atamos
Iniciamos no inexorável tempo um adágio amoroso
Entregamo-nos íntimos aos sons inaudíveis mais genuínos
Quedamo-nos lascivos por um amor sustenido
compondo em appassionato um allegro magnífico
Muito além da carne nos sentimos
Fomos almas rimando fragmentos de auras com desejos
Harmonizamo-nos delirantes pelas linhas da pauta
Mas da música executada ecoou um som seco e triste
Semifusas extremadas e confusas surgiram
impondo à melodia um rítmo confuso
Sincopados nos perdemos no compasso
e o som soluçante de um bandoneón insistente
chorou nossa letra cantada em lunfardo
O violino e o piano anunciaram o pranto
Um breve gesto da vida mestra encerrou a partitura
A composição concluída só toca agora as notas de repulsa
O amor perseguido por uma marcha fúnebre
num ímpeto malevolente se ressente
em gestos insanos nos quer dizer adeus
Tanta sonoridade expressamos que nem mais sei o que fomos
Se um tango melancólico em adágio
Se o allegro de uma sonata
ou um fado dissonante
.
.
.
Nina Delfim

5 comentários:

Anônimo disse...

É mulher você é demais mesmo!
Me liga vai!
Beijocas

Anônimo disse...

Vou estar no café com letras amanhã às 21 hrs. Ainda te amo.

Anônimo disse...

Quanto tempo sem vc minha amada. Ainda te amo tanto. BJOS

Anônimo disse...

Que maravilha de texto, é um conforto encontrar em meio a tanta mediocridade,uma composição que resulta de talento, originalidade, sensibilidade e conhecimento. Acho que estou aprendendo a "garimpar".
16/05/2006 08h58

Anônimo disse...

Em verdade em verdade vos digo
preciso ir a um confissionário
saber do Padre o meu castigo
por não ter um dicionário.

E bem antes de terminar o dia
tentarei ler a tua poesia
ao som do violão
afinado por diapasão.

Muito rico e lindo teu escrito.
Para dizer a verdade não tenho
palavras a altura para comenta-lo,
tamanha riqueza.
Parabéns é pouco.
Feliz
deixo o abraço do Aprendiz.
13/08/2006